Durante muito tempo, o seguro de vida foi visto como um produto “que só serve para quando a gente morre”. Essa visão, no entanto, tem mudado — e com razão. Hoje, o seguro de vida não é restrito à morte do segurado e pode ser muito mais do que uma proteção em caso de imprevistos. Ele pode ser uma ferramenta estratégica de planejamento financeiro, inclusive com vantagens em vida.
O mercado de seguros de vida tem ficado cada vez mais sofisticado e a oferta de soluções tem aumentado. Diante de tantas ofertas, percebe-se que o conceito de seguro de vida resgatável é um assunto ainda mal compreendido pela maioria dos brasileiros.
Primeiramente, antes de entender o conceito de resgatável, é preciso entender os 2 tipos principais de seguros de vida:
- Temporários
- Vitalícios
Para compreender estes dois conceitos, recomendamos a leitura do post sobre os tipos de seguro de vida.
Seguro Resgatável: O que é?
O seguro resgatável é um tipo de seguro de vida (que pode ser temporário de longo prazo ou vitalício) que permite o resgate de um percentual do valor total pago após um prazo de carência de 2 anos. Assim, ao contratar um seguro resgatável, você pode solicitar o resgate se tiver um imprevisto ou simplesmente desistir do plano. Esse percentual de resgate aumenta no decorrer da vigência do plano podendo chegar a até 100% do valor pago.
Assim, na prática, a seguradora aplica o valor mensal pago pelo segurado (prêmio) e, durante a vigência da apólice, ele poderá usufruir dos benefícios e das coberturas do seguro de vida ou, no futuro, optar por resgatar até 100% do valor.
O seguro de vida temporário de vigência anual, que é o produto mais tradicional do mercado, não possui qualquer resgate. Enquanto você pagar o seguro, terá a proteção e, sendo cancelado, perde-se a proteção e não há qualquer estorno.
Entre os temporários de prazo longo (acima de 10 anos), alguns acumulam reserva de resgate, outros não. Há uma variedade de produtos no mercado, com diferentes regras. Normalmente, o valor resgatado não chega nem perto do valor pago, o que é compreensível.
Já entre os vitalícios, estes sempre constituem reserva de resgate. Assim, em muitos casos, após a quitação do seguro e decorridos mais alguns anos, o segurado pode resgatar o valor integral do que desembolsou com o seguro, caso desista da cobertura adquirida.
Em resumo, estes são os tipos de seguro e suas possibilidades de resgate:
Possibilidade de Resgate | Prazos (Tipos) | Reenquadramento etário? | Casos de resgate |
Resgatável | Vitalício (whole life) | Não | Cancelamento do seguro |
Temporário de prazo definido (term life): 10, 15, 20 ou + anos | Não | Cancelamento do seguro Fim do prazo. | |
Não Resgatável | Temporário anual (tradicional) | Sim | Não é possível |
Temporário de prazo definido (term life): 10, 15, 20 ou + anos | Não | Não é possível |
Quais são as vantagens do seguro de vida com resgate?
Retorno Financeiro
Ao contrário do seguro tradicional, que não devolve nenhum valor se não for utilizado, o seguro com resgate permite que parte do valor pago seja recuperado — geralmente após um período mínimo de permanência (ex: 5 ou 10 anos). Essa função de “reserva” é especialmente valorizada por quem tem perfil conservador e quer alocar recursos de forma segura.
Tranquilidade para o presente e o futuro
Você dorme tranquilo sabendo que, em caso de imprevisto, sua família estará amparada financeiramente. E se tudo correr bem — como esperamos que aconteça — você poderá contar com esse valor mais adiante.
Benefício Fiscal
Em muitos casos, o seguro de vida com resgate pode ser utilizado em estratégias de planejamento sucessório, já que o valor não entra no inventário e não está sujeito a imposto de transmissão (ITCMD), dependendo da legislação estadual.
Disciplina Financeira
Ao incluir o seguro como um compromisso mensal, o contratante automaticamente se compromete a formar uma reserva — sem precisar tomar decisões de investimento constantes.
Ausência de reenquadramento etário
Ao comparar o seguro resgatável com os outro tipos de seguro, percebe-se uma grande diferença de valores. O seguro de vida com resgate possui mensalidade fixa, ou seja, não tem reenquadramento etário (alteração do valor do prêmio de acordo com a mudança de faixa etária do segurado).
Segundo Marcelo Seabra Pinto, planejador financeiro CFP, “inicialmente, o valor do prêmio do seguro de vida com resgate é maior quando comparado com o seguro de vida tradicional. Mas é importante lembrar que essa diferença vai diminuindo com o passar do tempo já que não há reenquadramento etário.”
Quais as desvantagens do seguro de vida resgatável?
Apesar dos benefícios, é importante considerar alguns pontos antes de tomar a decisão:
1. Valor mais alto
Como parte do valor pago vai para a formação de reserva, os prêmios são geralmente mais caros do que os de um seguro tradicional. Isso pode ser um impeditivo para quem tem orçamento apertado ou está em fase inicial da carreira.
2. Resgate não é imediato
A reserva costuma estar disponível apenas depois de dois anos de contrato, e a porcentagem resgatável cresce com o tempo. Cancelamentos antecipados podem ter perdas financeiras.
3. Rentabilidade inferior a outros investimentos
A formação de reserva no seguro com resgate não é comparável à de aplicações financeiras mais arrojadas. Por isso, ele deve ser visto como parte de um planejamento, e não como o único pilar da sua estratégia financeira.
Para quem o seguro de vida resgatável é mais indicado?
Embora qualquer pessoa possa contratar, o seguro de vida com resgate é especialmente recomendado para quem busca unir proteção financeira com disciplina de longo prazo. Entre os perfis mais comuns de contratantes estão:
Profissionais liberais e autônomos, como médicos, advogados, arquitetos, engenheiros e empresários, que não contam com previdência corporativa e querem construir um colchão financeiro de forma inteligente.
Pessoas com dependentes financeiros, como filhos pequenos ou cônjuges, que precisam garantir a continuidade do padrão de vida da família em caso de ausência.
Empresários, que veem no seguro uma forma de proteger a família e ainda planejar sucessão patrimonial com mais eficiência.
Pessoas que querem “reaproveitar” o dinheiro do seguro, ou seja, não gostam da ideia de pagar por algo que “vai embora” se não for usado.
Além disso, o seguro resgatável também pode ser usado de forma estratégica para blindagem patrimonial, já que o valor acumulado não entra em inventário e é pago diretamente ao(s) beneficiário(s), sem burocracia.
Vale a pena fazer um seguro resgatável?
A resposta é: depende. Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o possível resgate de um seguro de vida não seja confundido com um investimento. Ele é um “plus” em muitos seguros, uma característica bacana, mas o seguro nunca pode ser encarado como um lugar para se juntar dinheiro para a velhice. Para isso, existe a previdência privada.
Na prática, a seguradora aplica o valor mensal pago pelo segurado (prêmio) e, durante a vigência da apólice, ele poderá usufruir dos benefícios e das coberturas do seguro de vida ou, no futuro, optar por resgatar o valor.
Além disso, no caso do seguro vitalício, financeiramente falando, não é nada vantajoso contratar pensando em cancelá-lo depois de algum tempo, para resgatar um bom valor. Muita gente pensa nisso para cobrir uma necessidade temporária, como a educação dos filhos. Para esta finalidade, é muito mais vantajoso contratar uma cobertura temporária de prazo longo, que será mais econômica, e investir a diferença.
O seguro de vida resgatável é indicado portanto somente para aqueles que já sabem que tem a necessidade da proteção por vários anos ou por tempo indeterminado.
Quais são os melhores seguros de vida resgatável do mercado?
- Prudential Whole life
- MAG Private Solutions
- Icatu Horizonte
- Metlife
- Centauro Vida Inteira
É melhor seguro com resgate ou previdência privada?
Essa é uma dúvida muito comum — e faz todo sentido.
A principal diferença está no objetivo de cada produto:
A previdência privada (PGBL ou VGBL) foca na acumulação de longo prazo e benefícios fiscais.
O seguro com resgate foca na proteção imediata e formação de uma reserva garantida, com cobertura em vida e morte.
Em muitos casos, o ideal é usar os dois de forma complementar. A previdência funciona como estratégia de aposentadoria e sucessão, enquanto o seguro garante liquidez imediata para os familiares em caso de sinistro — algo que o plano de previdência, muitas vezes, não cobre de forma rápida.
Como contratar um seguro de vida resgatável?
Em resumo, a escolha de um bom seguro de vida depende de muitos fatores e há uma gama de soluções, que podem ser usadas, combinadas ou não, para uma gama de necessidades. As pessoas possuem receitas e despesas diferentes, padrões de vida diferentes e uma série de outras situações particulares, como histórico de saúde familiar, planejamento de filhos, desejos futuros, etc. Por isso, é fundamental você procurar um corretor de seguros ou planejador financeiro especializado no assunto.
Fazer um seguro de vida para ajudar seu gerente ou lhe trazer alguma vantagem no banco, ou fazer de qualquer maneira, pode significar pagar por algo que não faz sentido para sua necessidade. Da mesma forma, fazer um plano de longo prazo que não seja otimizado à sua realidade e aos seus desejos, pode fazer com que você tenha um custo muito maior do que poderia ter. Por isso, recomendamos uma orientação especializada e isenta para você fazer o melhor seguro de vida possível.